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Ascenção

Last e eu nos tornamos amigos. Ele sempre respeitou meu modo de pensar até que...

Era noite alta na Amazônia. Os manauaras ribeirinhos escondiam-se em seus casebres, palafitas, e casinhas de sapé estavam assustados, um pouco por crendices, outro pouco por ignorância. Mas nesse caso, o medo que sentiam era de algo real. Algo que muitos diziam e afirmavam até o dado momento se tratar de "lenda Urbana". Foi neste ambiente que se passou a história que vou lhes contar.. Uma história triste no ver de uns e uma história de amor na visão de outros.

Estávamos no mês de outubro a noite estava quente de lua cheia como a de hoje e majestosamente ela debruçava-se sobre a floresta amazônica em sua cor alaranjada! Parecia um holofote a iluminar toda a mata. Uma data muito especial! E esse local foi escolhido por ser mata virgem junto a natureza e longe de olhares indiscretos. Porém não sabíamos que estava também por ali uma expedição de médicos voluntários e entre eles, o nosso conhecido amigo Herval. Que novamente teve uma experiência inusitada.

Bem! Voltando ao assunto. A noite parecia molhada pela umidade do Rio Amazonas, que proporcionava uma sensação tão boa como se houvesse gotículas no ar. Nosso curioso amigo Herval que gosta de ouvir a noite, pegou um barco pequeno e começou a remar rio a cima procurando sentir a maravilha da noite , deitou no fundo do barco para gravar os sons que ele tanto gostava: o coaxar dos sapos, das jias opio das corujas entre outros e apreciando a beleza do Luar. O barco deslizava calmamente em uma corrente tranquila, quando ele ouviu vozes e risos. Com a curiosidade aguçada encostou o barco e entrou na mata ouvindo cada vez mais perto as risadas. Continuou a procura de tamanha alegria até que...

Deparou-se com uma cena preciosa para seus olhos leigos! Avistou por entre as folhagens, uma grande fogueira na clareira e diante da fogueira que crepitava alto, muitas mulheres seminuas bailando em volta do fogo.

Éramos nós as Bruxas do Leste que riamos, dançávamos, entoávamos cânticos estranhos para ele. Em certos momentos do culto, nós nos tocávamos enquanto coreografávamos um balé de mãos! Eramos lindas, perfeitas! Enchendo de êxtase os olhos do homem que estavam acostumados a ver danças aborígenes... Com certeza ele estava paralisado, com a respiração entrecortada, o corpo suado como se houvesse corrido muito! Porque nossa dança mexia com a sua libido.

Herval estava tão concentrado que nem viu de onde surgiu em meio a dança uma figura encapuzada trazendo na mão um turíbulo, donde exalava o odor da mais deliciosa essência que ele já houvesse experimentado na sua vida. Ela rodava o turíbulo e o aroma invadia a mata. Mais atrás, vieram mais três pessoas também encapuzadas trazendo recipientes como: cuias, branca, vermelha e preta. Puseram sobre uma mesa de pedra “pira” deram as mãos e entoaram o tal cântico novamente. Dentre as mulheres, aproximou-se uma que parecia ser a mais sábia, e também tão linda quanto as outras. Já entenderam de quem se tratava não é mesmo? Sim! A grande Bruxa mãe Kahá-la! Ela retirou o manto da figura que permanecia imóvel... O pobre Herval quase desfaleceu diante da jovem de beleza estonteante, pele muito branca, cabelos negros, que estava completamente nua e de costas para ele, os cabelos dela iam abaixo da cintura.

~~ Sim! Esta era eu! Era a minha ascensão! Como trapaça do destino aquele mesmo Herval que gravou minha discussão com Last sobre o que é ser uma bruxa, estava presente na minha ascensão

Herval petrificado e em silêncio apreciava quando uma das bruxas encapuzadas aproximou-se trazendo a cuia preta e untou meu corpo com algo viscoso! Era "óleo de mandrágora" enquanto as outras cantavam e dançavam em volta de mim. A segunda trouxe a cuia vermelha, com um liquido também vermelho e despejou sobre os meus ombros. A terceira com a cuia branca chegou bem perto, segurou-me pela mão e me virou deixando-me de frente para ele. (Que com certeza parou de respirar para acalmar seu coração)! E me cobriu com pétalas de rosas branca que aderiram, por causa dos líquidos que me cobriam o corpo. As mulheres bebiam absinto e dançavam com eloquência, Se não estivéssemos concentradas no que fazíamos! Pois era um ritual de passagem! Nós teríamos ouvido os joelhos de Herval irem de encontro a terra, pois bambas estavam suas pernas ao se deparar com cenas tão exitantes para ele. No auge do ritual todas ficaram em silêncio apenas Kahá-la cantarolava um mantra com a boca fechada fazendo o som vibrar em seu peito.

Elas tomaram minha mão e me levaram para meu "consorte" que saiu de uma tenda também estava de manto e capuz. Todas as mulheres me acompanhavam em cortejo... Claro que Herval notou que eu relutava... Eu olhava para trás como se esperasse ajuda de alguém. Deveria ser meu coração que esperava a ajuda de Elendil que não sabia o que estaria acontecendo por causa do feitiço. As mulheres encapuzadas afastaram-se deixando só Kahá-la, meu consorte e eu. Kahá-la me deixou diante do meu consorte, foi por trás dele e retirou seu capuz. Estávamos os dois nus agora, salvo meu corpo coberto de rosas... Ele era muito bonito e estendeu a mão para mim. Novamente eu relutei... Deveria ser normal! Era uma honra ser a Guardiã mor das bruxas do Leste e ter um consorte tão belo. Porém algo dentro de mim, sabia que eu pertencia a outro ser. Nesse momento pude ouvir a voz de Herval quando disse

= Nossa eu não esperava que eu tivesse companhia aqui...

E o coração dele acelerar como se fosse explodir. Foi que alguém atrás dele, um homem alto de, sobretudo e capuz que lhe escondia o rosto. SÓ APARECENDO SEUS OLHOS VERMELHOS. Falou assustadoramente:

- Afaste-se daqui se quiseres permanecer vivo! Corra e não olhe para trás!

Herval sentiu o sangue gelar! Sentiu um medo pavoroso que nem sabe de onde veio, porque ele não é um covarde, vive vagando nas noites a procura de sons diferentes, mas ele afastou-se quase correndo. Chegando ao barco... A curiosidade foi mais forte que o medo Herval voltou bem devagar para sua posição privilegiada. À ponto de presenciar; meu consorte ao meu lado nu e excitado, ele esperava o momento de acasalar e eu deitada sobre a pira, chorava segurando as mãos Kahá-la que acariciava os meus cabelos carinhosamente para me encorajar, não que o meu consorte fosse repugnante. Eu não sabia o motivo do desespero! Meu consorte me segurou pelas pernas e me puxou para si: Nesse momento Lilith deveria se apossar do meu corpo para que fosse um acasalamento copioso, mas eu me agarrei a Kahá-la que estava me confortando e chorava soluçando inexplicavelmente.

Neste instante uma enorme sombra cobriu o brilho da lua escurecendo a mata, ouviu-se um rufar de asas que trazia um vento tão forte que fazia as folhagens deitar-se. Foi uma imensa criatura que quando batia suas grandes asas, jogava sobre nós um odor de sangue e mofo.

E possuía um grunhido horroroso e estridente. A criatura desceu sobre a pira.... Pairou e pegou o meu consorte com as garras dos pés, que sem um grito se quer, foi rasgado ao meio, ficando pendurado nas garras dele em dois pedaços que ele atirou longe... As mulheres gritavam desesperadas, eu fiquei paralisada ante a visão que não acreditei estar presenciando. A criatura pousou! Era imensa, mais ou menos dois metros e meio de altura, grandes asas pontilhadas como as de morcego. E soltava grunhidos fazendo toda mata silenciar.

Ao vê-lo se aproximar eu me agarrei a Kahá-la e escondi o rosto me encolhendo sob a proteção dela, ainda sobre a pira e esperei.

Herval não conseguia parar de olhar, mesmo com todo pavor que estava sentindo ao imaginar nós duas sendo despedaçadas também a qualquer momento.

Mas... A criatura foi diminuindo e grunhia mais baixo como se estivesse se acalmando... Então olhei, eu o vi começar a mutação ali na nossa frente, eu tremia e segurava a boca para não emitir nenhum ruído que fosse, somente meu coração batia como um tambor. A mutação já estava quase completa quando ele sentiu a presença de Herval! Virou a cabeça toda para trás de uma só vez, para o lado em que ele se encontrava, com olhos que faiscavam vermelhos e brilhantes na noite... E soltou seu ultimo grunhido, mas tão poderoso quanto os outros, parecia um dragão irado. Encolhi-me o mais que pude, fechei os olhos e esperei a morte “eu não poderia correr mesmo... Só que ele não veio a mim... Abri os olhos.... Ele havia se transformado completamente em um homem... Esguio, magro, com cabelos compridos jogados no rosto, que lhe caiam sobre os olhos. Aproximou-se da “pira” e eu disse quase num sussurro:

~~ Last!!

Ele estendeu a mão para mim que aceitei sem pestanejar. Ele olhou para Kahá-la de uma maneira que a fez se afastar correndo...

Ele pegou-me nos braços, retirando-me da “pira” e me soltando lentamente de forma que eu fui ficando de pé a sua frente, rente ao seu corpo, olhando-o nos olhos... Hipnotizada. Ele me enlaçou pela cintura com um braço, e com a outra mão colocou meus cabelos para trás, segurando meu rosto e suspendendo como se fosse me beijar!

Chegou bem próximo aos meus lábios... Eu continuava imóvel com os braços ao longo do corpo. Ele me soltou pegou minhas mãos, beijou-as e as colocou apoiadas sobre o peito dele . Eu continuava a olhá-lo sem nenhuma ação. Ele atravessou a mão por trás da minha cabeça, até alcançar meus cabelos por cima do meu ombro e puxou, delicadamente, deixado meu pescoço estendido, foi abaixando de vagar o rosto até meu pescoço.

De onde Herval estava pensou que ele estivesse beijando-me ali naquele local . (sabe como é?... para excitar...) Mas o beijo demorava... Demorava... E ... Eu amolecia, minhas pernas dobravam, meus braços caíram ao longo do meu corpo novamente, Last me segurando pela cintura e pela nuca, continuava... Continuava... Herval queria gritar... Mas voz não saía diante do medo... e pensava

= *(De que adiantará eu gritar? Eu não a salvarei mesmo, morreremos juntos.) Até que Last parou! Pegou-me nos braços e me deitou sobre a “pira” Eu estava imóvel... Jaz sobre a pedra fria, parecia morta!

= (Claro que ela está morta meu Deus! E eu nada fiz...)! Pensou Herval colocando as mãos sobre o rosto.

Quando olhou novamente, o “Homem monstro” me acariciava o corpo como em um ritual, começando dos pés até chagar em meus lábios, e eu continuava imóvel, ele retirou o, sobretudo que vestia e me cobriu, olhou nesse momento para onde Herval estava escondido e rugiu ameaçador. Avisando que sabia da presença dele. Depois se sentou em uma pedra e esperou: uma, duas, três horas (Herval continuou lá porque tinha medo de fazer qualquer ruído). Depois desse tempo eu me mexi!... Deixando Herval mais assustado ainda... Pensando

= *(Ai meu Deus! Agora têm uma morta-viva e um monstro-mutante)

! Eu tossia, puxava o ar que não vinha, vomitava agonizando.

Em uma cena que apavorou nosso já mui assustado Herval:

Last mordeu seu próprio dedo e me ofereceu seu sangue. Eu recusei!

Herval ficou preocupado ao notar eu ainda estava "viva" sofrendo dores que me faziam contorcer e resolveu ir até lá ajudar. Mas parou quando Last me pegou pelos ombros, levantando-me e me colocando sentada na “pira”, abriu a própria camisa com um arrancão, Rasgou com a unha do seu dedo indicador que era enorme o seu próprio peito, abrindo um ferimento profundo sobre o mamilo esquerdo (Herval sabia que o ferimento havia sido profundo, porque logo tingiu de vermelho a camisa branca de Last)... Ele segurou meus cabelos, enlaçando na mão, eu ainda estava mole, a cabeça caia sem firmeza. Ele me colou no seu mamilo exigindo que eu sugasse seu sangue. Eu me debatia-se sem querer de maneira alguma fazê-lo. Queria que viesse logo a morte, não queria me tornar um Vampiro como era o desejo dele. Mas Last não me soltou, tanto fez que sentindo o aroma atordoante do sangue eu não tive o que fazer senão abocanhar seu peito, e não queria mais soltar como se desse ato dependesse a minha vida. E dependia! O morfo jogava a cabeça para trás e urrava, não sei se de prazer ou de dor. De repente começou a sentir-se fraco e empurrou-me, mas eu não o largava, então, num ato desesperado ele me deu um soco no maxilar me levando a nocaute e debruçou sobre o meu corpo por alguns instantes. Herval pensou:

= * (Essa é a minha deixa) !

E procurou um jeito de levantar sem fazer ruído, mas as pernas dele não ajudaram estavam emperradas pela posição em que ficou encolhido tanto tempo. E novamente ouvi o urro bestial da fera que havia se refeito! E... Estava morfando. Ficou desesperado e pensou

= *( Meu Deus! Se a moça não morreu, vai morrer agora estraçalhada)!

Tentou ficar de olhos fechados para não ver isso acontecer... Mas não conseguiu! Viu quando o monstro de aproximou de mim! Ajeitou sobre meu corpo seu casaco com carinho, e passou suas unhas enormes.... De leve pelo o meu rosto frágil... E terminou a metamorfose em monstro alado... Herval Tremeu... Quando o monstro alado lançou seus olhos de fera para o o lado em que ele estava! (eu diria que Herval mijou as calças) O Alado pegou-me com todo cuidado em seus braços e alçou voo passando rasante sobre a cabeça dele. Herval que já começava a levantar caiu de volta ao solo sentado em seu mijo e o monstro- homem foi embora levando sua presa....

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